outubro 02, 2012

Células Tronco do Cordão Umbilical- Do Lixo ao Luxo



Até pouco tempo atrás, tanto a placenta quanto o cordão umbilical faziam parte do lixo hospitalar. Hoje, o armazenamento das células provenientes do cordão umbilical é um serviço caro, desejado por muitos mas ainda para poucos.
Muito se fala sobre guardar as células tronco do cordão umbilical dos bebês, seja em bancos privados ou mesmo públicos, mas existe ainda grande falta de informação acerca do assunto. De um lado os bancos privados que não medem esforços para conseguir clientes, não lhes dando todas as informações necessárias e por vezes fazendo promessas que não podem ser cumpridas. Do outro lado, bancos públicos tentando convencê-lo de que a doação das células para o banco público é a melhor alternativa sempre, o que não é uma verdade absoluta.
 Apesar de todos concordarmos que a vida de um filho não tem preço, a coleta de células tronco em banco privado é um serviço caro e fora de cogitação para grande parte da população, sem contar com a logística envolvida para o transporte, que dependendo do lugar torna impossível a coleta. Para que um banco público faça a coleta, o parto deve ser realizado em hospital credenciado, e são poucos.

Mas, o que são células tronco?

Células tronco são células que surgem no homem ainda na fase embrionária, antes do nascimento. Estas células tem características especiais e podem gerar outras células com as mesmas características da primeira, ou mesmo diferenciar-se em vários tipos de células, de diferentes tecidos. As células tronco podem ser encontradas na medula óssea, (células hematopoiéticas) sendo responsáveis pela constante renovação do sangue e também no cordão umbilical e na placenta, sendo estas também células tronco com características hematopoiéticas. as células tronco do cordão umbilical NÃO são células embrionárias. Têm características de células adultas, contudo, mais imaturas e menos estimuladas.

Quais os Tratamentos realizados com as células tronco do cordão umbilical?

Como o sangue encontrado no cordão umbilical são células com características hematopoiéticas, elas são utilizadas para substituir a doação de medula óssea, para tratar leucemias, linfomas, anemia falciforme, mielomas, talassemias, entre outras. Atualmente, essa é a única utilização, embora existam pesquisas sendo realizadas em todo o mundo acerca da sua utilização para tratamento de diversas patologias. O transplante autólogo (para a própria pessoa) não corre o risco de apresentar rejeição.

Como funciona o Banco Público de células tronco de cordão umbilical?

O Brasilcord é uma rede de bancos públicos de armazenamento de células tronco de cordão umbilical, com unidades em São paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Ribeirão Preto, Florianópolis, Fortaleza e Belém. Como existe grande miscigenação no brasil, traduzindo em grande diversidade genética, é importante que os bancos de células de cordão umbilical sejam espalhados pelas diversas regiões do Brasil para contemplar assim a sua grande diversidade.  Mas a doação só pode ser realizada na rede de maternidades credenciadas. Como todo o processo de processamento e criopreservação das células tronco é bem complexo, mesmo que seja realizada a coleta não é garantia de que essas células poderão preservadas para uso futuro. Quando é possível fazer a criopreservação, as células tronco do cordão umbilical podem permanecer congeladas por tempo indeterminado.
Os bancos públicos, entretanto, oferecem o material armazenado para qualquer pessoa do país que não tenha um doador familiar, sem ônus para este, não tendo o doador das células tronco do cordão umbilical prioridade caso necessite do material. Este inclusive pode já ter sido utilizado por outra pessoa. Mas existe a possibilidade de o material do doador ainda estar disponível, podendo assim ser selecionado para seu próprio uso.


Como funciona o Banco Privado de células tronco de cordão umbilical?

Os bancos privados de armazenamento de células tronco de cordão umbilical tem legislação específica, e ao contrário do banco público, somente a família pode dispor do material criopreservado, sendo que os transplantes apenas podem ser autólogos (para a própria pessoa), não sendo permitida a utilização por outro membro da família, mesmo se autorizado. A probabilidade da pessoa necessitar da utilização de suas células que estão preservadas é muito pequena (1 para cada 20 mil). Portanto, fazer a criopreservação das células de um filho, não servirá para o outro caso este necessite. O tranplante de células tronco de cordão umbilical somente pode ser realizado em pessoas com peso no máximo entre 50 e 60 KG, por causa da quantidade armazenada ser insuficiente para tratamento de pessoas com peso superior a este.
Os bancos privados de armazenamento de células tronco de cordão umbilical oferecem esse serviço com ônus ao contratante, que gira em torno de R$ 4.000,00 para a coleta e processamento, além de anuidade que varia de R$600,00 até R$ 1.000,00. os reajustes são estrondosos e abusivos, embora previstos em contrato. Mas falar de tabelas de correção não é muito familiar para a maioria da pessoas, que levam um susto um ano após, depois do primeiro reajuste sofrido. (Falo com conhecimento de causa. Tenho as células tronco dos cordões umbilicais dos meus dois filhos criopreservados, e a anuidade acaba sendo um tormento em minha vida. Muito mais difícil para pagar do que o montante inicial).



A coleta é indolor tanto para a mãe quanto para o bebê.


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