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novembro 10, 2012

Caminhar

Bem, eu sempre escrevo os posts do blog. Mas pela relevância do assunto, pedi licença ao Alessandro Fernandes, paraplégico desde 2006 devido a um acidente de moto, autor do Blog do Cadeirante, para reproduzir seu artigo. Espero que gostem!!!

Pouco depois que criei o blog, em 2009, buscando novidades sobre tratamentos para lesados medulares, encontrei o Project Walk, uma organização americana que utiliza o Método Darzinski, que propõe recuperar movimentos em lesados medulares através de exercícios físicos intensos, e assim melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Mandei um e-mail para eles questionando um pouco mais sobre o método e como poderia me tratar, e me enviaram mais informações, mas uma má notícia: eu teria que me internar na clínica deles lá nos Estados Unidos, pois não havia representantes no Brasil.
Alguns meses depois, conheci a Fernanda Fontenele, que foi a primeira a trazer o Project Walk para o Brasil pela Acreditando, em São Paulo. Participei até de uma reportagem da Folha Universal que falava sobre ela e o projeto em 2010. E depois de alguns tempo descobri outra franquia do projeto no Brasil, a Caminhar. Eles estão baseados em Brasília/DF, Achei muito bacana ter gente investindo nisso no Brasil, mas sempre quis conhecer alguém que estivesse passando pelo tratamento, para saber as impressões e resultados. Eis que há alguns dias conheci um paciente deles, o Rafael, que é leitor do blog e me mandou alguns e-mails contando sua experiência lá. Com autorização da clínica, reproduzo aqui o relato e fotos do Rafael fazendo exercícios lá.

                                                                                                    Rafael de Contorcendo- Imagem Blog do Cadeirante
"Descobri o Project Walk desde que lesionei a minha medula, no meu caso sofri um assalto em casa e mesmo sem esboçar reação acabei sendo alvejado por um tiro de 22 que perfurou meu pulmão e a bala acabou alojando na minha coluna, consequentemente minha medula foi lesionada, passei pela cirurgia para fixação e estabilização da coluna e minha lesão é alta, T3 a T5...
Fazendo Força com apoio. Imagem Blog do Cadeirante
Mas como em São Luís e tem hospital da Rede Sarah, fiquei por lá para ver o que ia acontecer. Junto ao tratamento no Sarah fiz sessões de fisioterapia e de terapia ocupacional, além de massagem e toda a sorte de tratamento que se pode imaginar, e assim vi que em São Luís todos os recursos que tinham eu já tinha usado e foi quando me recordei do Project Walk, sempre me interessei pelo método e assim entrei em contato com as duas clinicas que são certificadas pela rede norte-americana, aqui em Brasília e em São Paulo, meus pais conheceram a clinica aqui de Brasília e gostaram do que viram, uma das sócias chama-se Karen e é cadeirante também, foi ela quem atendeu aos meus pais e assim ela me passou a lista de exames que eu teria que apresentar.
Rafael ajoelhado se segurando. Imagem Blog do Cadeirante
Fiz todos os exames e estava apto a participar do projeto, assim marcamos a minha primeira aula, que é uma demonstração de como funciona e de como é o tratamento, e para a minha surpresa depois de alguns exercícios eles me colocaram em pé, imagina a emoção: eu com um ano e um mês de lesão nunca tinha cogitado em ficar em pé e não é que eu estava ali em pé...



Deste modo já fiz minha inscrição, só que tenho família e uma vida em São Luís, tenho dois filhos, o Leonardo de 1 ano e 10 meses e o Gustavo que esta hoje com 5 meses, se tivesse passado dessa pra melhor nem saberia que era papai novamente, pois na época dos fatos não sabíamos que minha esposa estava grávida...



Resolvi optar por Brasília pelo fato de ser mais fácil de ir ver os meninos, e estou aqui desde o dia 17 de Setembro. Faz poucos dias que eu comecei na clínica, mas já tenho sentido algumas melhoras, minha postura na cadeira de rodas melhorou muito, minha respiração e estou trabalhando músculos que eu ate tinha esquecido que faziam parte do meu corpo... o tratamento é longo e desgastante, mas toda aula vemos resultados, eu ia fazer somente três sessões por semana de duas horas cada, mas depois de conversar com os terapeutas chegamos a conclusão que eu e minha musculatura conseguiríamos aguentar uma carga de quatro vezes por semana duas horas cada sessão...
Semana passada já fiz ate bicicleta, chego em casa moído de cansaço, mas feliz pois todos os dias vejo alguma melhora, se eu repito um exercício de um dia para o outro já vejo que está melhor essas coisas. Tenho os videos postados no meu facebook, se quiserem dar uma olhada procurem por Rafael Fernandes Marajó"
Obrigado ao Rafael pelo relato e ao centro de reabilitação Caminhar por autorizar a publicação. Na minha opinião, é um método válido para quem busca melhorar a qualidade de vida e ter mais independência. Eu sempre investi em exercícios para melhorar a firmeza do quadril e habilidade em me virar, e hoje faço coisas que poucos lesados medulares altos (a minha foi em T2) conseguem, como me equilibrar em um banquinho, transferir para lugares bem mais altos e até fazer abdominais eu já consigo. Fica a dica!

Espero que tenham gostado. Infelizmente, esta realidade está muito distante da grande maioria das pessoas... Tanto dos pacientes que necessitam quanto dos profissionais que se interessam...

Alessandro Fernandes, Obrigada por me deixar reproduzir aqui a sua matéria. Seu blog (Blog do Cadeirante) é muito bom. Recomendo... 
Acessem: AQUI



outubro 21, 2012

A Sexualidade após Lesão Medular


Após a lesão medular a função e o ato sexual podem apresentar alterações de intensidades variáveis, dependendo do nível da lesão. Para o desempenho sexual, os aspectos fundamentais necessários são a integridade dos órgãos sexuais, o funcionamento dos sistemas endócrino, circulatório e nervoso e condições psicológicas favoráveis. Basicamente, a sexualidade humana tem 3 funções: procriação, comunicação e prazer. Apesar das alterações ocorridas no paciente lesado medular, nenhum dos aspectos anteriormente citados precisam ser excluídos de sua vida. É importante ressaltar que a sexualidade envolve a pessoa como um todo, envolvendo também aspectos psicossociais, mas, nesta publicação, serão abordados aspectos relacionados com a anatomia e a fisiologia dos órgãos diretamente ligados à função sexual.

Resposta Sexual Feminina

Nas mulheres, a excitação provoca aumento do clitóris, dos pequenos lábios, alongamento dos dois terços posteriores da vagina e produção de muco. A lubrificação pode ser psicogênica (provocada por estímulos indiretos) ou reflexa (provocada por estímulos diretos de contato na região genital). Existem dois centros medulares responsáveis pela lubrificação vaginal:

  •  T11 a L2- Lubrificação psicogênica.
  • S2 a S4- Lubrificação reflexa.
Se após a lesão medular a lubrificação for insuficiente para permitir a penetração, poderá ser utilizado um lubrificante à base de água, prevenindo, assim, lesões que poderiam ser provocadas pelo atrito.

O orgasmo é a sensação de prazer proporcionado com o ato sexual. A porção externa da vagina dilata-se e o orgasmo é percebido com a contração rítmica da musculatura vaginal, uterina e tubária e tensão da musculatura o períneo. Esta resposta pode sofrer alterações devido à diminuição ou até mesmo ausência de sensibilidade na região genital. Entretanto, como o centro responsável pelo orgasmo não se encontra na medula, a pessoa com lesão medular poderá obter prazer com a estimulação de outras zonas erógenas.

Não ocorrem alterações significativas quanto à fertilidade após a lesão medular. Na maioria das vezes o ciclo pode sofrer uma interrupção temporária, e costuma voltar após aproximadamente 6 meses de lesão. Com a fertilidade inalterada, as mulheres portadoras de lesão medular são capazes de conceber e levar a gestação a termo, entrar em trabalho de parto (embora seja difícil perceber seu início em pacientes com lesão acima de T10) e dar à luz por via vaginal. O aleitamento é normal, não havendo qualquer alteração na mama, inclusive em tetraplégicas, que podem amamentar seus filhos, devendo, é claro, ter o acompanhamento de um ginecologista, que será quem deverá indicar o melhor método contraceptivo para esta mulher, caso não tenha o desejo de engravidar.

Resposta Sexual Masculina

A ereção (estado de endurecimento do pênis durante uma estimulação ou excitação, aumentando de tamanho) pode ocorrer de duas formas básicas:
  • Ereção psicogênica: provocada por estímulo indireto. A área medular correspondente está situada entre T11 e L2. Se a lesão ocorrer acima deste nível, o estímulo vindo do cérebro pode não passar por essa área como anteriormente à lesão.
  • Ereção reflexa: provocada por estímulo direto do pênis ou áreas circunvizinhas. Este tipo de ereção pode ocorrer inclusive em momentos de troca de sonda ou cateterismo. A área medular responsável por esse tipo de resposta está localizada entre S2 e S4.
Pode-se afirmar, portanto, que em homens com lesão medular acima de T11-T12 a ereção reflexa fica preservada, sendo importante observar quando e como esta resposta ocorre porque será útil durante a relação sexual. A ejaculação é um processo mais complexo do que a ereção, podendo ser alterado. Em pacientes com lesão acima de T11-L2 a emissão (que é a saída do líquido seminal das vesículas seminais, próstata, canal deferente e colo vesical para dentro da uretra posterior) pode não ocorrer, e a ejaculação, que é a saída do líquido seminal pela uretra para o meio externo, (que está na área medular de S2-S4), pode não acontecer, pois o sêmem precisa chegar até a uretra para, então, ser ejaculado. Mesmo estando a área medular correspondente à ejaculação preservada, em lesões acima de T11-L2 pode não ocorrer a ejaculação por falta de sêmem na uretra posterior.Quando o homem não consegue ejacular, o líquido seminal pode voltar para a bexiga, num processo chamado ejaculação retrógrada, que não traz qualquer problema para o sistema urinário. Por essa razão, no homem, a fertilidade pode estar prejudicada.


O orgasmo é a sensação de prazer proporcionado pela relação sexual, que geralmente para os homens vem acompanhado de ejaculação. É importante ressaltar que o centro responsável pelo prazer situa-se numa área do cérebro chamada hipotálamo, e que nenhuma lesão medular é capaz de comprometer esta função. Devido à alterações na sensibilidade que podem ocorrer na região genital, pode haver alteração na sensação prazerosa proporcionada por estímulos nesses locais durante a atividade sexual. Entretanto, estimulação de outras zonas erógenas podem produzir estas sensações de intenso prazer. 

Após a lesão medular, o organismo não deixa de produzir espermatozóides, entretanto, sua quantidade e qualidade pode estar alterada, podendo dificultar a reprodução. Por isso, a inseminação artificial pode ser uma alternativa.


Cuidados para o ato sexual:
- Esvaziar a bexiga para evitar perdas urinárias durante a relação sexual.
- Optar por ambientes que ofereçam pouco atrito com a pele, para evitar lesões.
- Inspecionar a pele após o ato sexual, para verificar a integridade da pele.
- Se não houver o desejo de engravidar, utilizar métodos contraceptivos.
-Utilizar preservativo para prevenir doenças sexualmente transmissíveis.

outubro 20, 2012

A Medula Espinhal e A Lesão Medular

Para entendermos o que é lesão medular, antes conceituaremos a Medula Espinhal.

A Medula Espinhal


A medula espinhal faz parte do Sistema Nervoso Central (SNC), e localiza-se dentro do canal medular, situado no interior das vértebras, sem, entretanto, ocupá-lo completamente. A Medula Espinhal inicia-se na base do crânio e e prolonga-se inferiormente até o nível da 2ª vértebra lombar (L2), e termina afinando-se para formar o cone medular, que continua com o filamento terminal.
Imagem do Site Semiologia Ortopédica
Da parte lateral da medula saem duas raízes (uma sensitiva e outra motora), que unem-se para formar os nervos espinhais. Considera-se segmento medular de um determinado nervo, a parte da medula onde se faz conexão com os filamentos radiculares que entram na composição deste nervo, uma vez que não existe nenhuma estrutura que separe um segmento do outro. Existem 31 pares de nervos espinhais aos quais correspondem 31 segmentos medulares, desta forma distribuídos: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Apesar de existirem apenas 7 vértebras cervicais encontramos 8 pares de ervos cervicais. Isso ocorre porque o primeiro par cervical emerge acima da 1ª vértebra e o 8° par emerge entre as vértebras C7 e T1. Sendo assim, os nervos cervicais emergem acima da vértebra que o nomeia e a partir de T1 emergem abaixo da vértebra que o nomeia. 

 acreditasse que a medula espinhal fosse um transmissor passivo de informações, atualmente sabemos que nela também ocorre processamento de informações utilizando circuitos neuronais locais. A Medula Espinhal possui autonomia para controlar respostas simples à estímulos específicos, como reflexo de estramento, reflexo tendinoso e reflexo de retirada (estimulado pelo receptor de dor).

A Lesão Medular

É a lesão ocorrida na medula, em qualquer altura e por qualquer causa. é geralmente provocada por um movimento vertebral proveniente de fratura ou ruptura ligamentar, que são as chamadas lesões traumáticas, ou por doenças causadas por vírus ou tumores, que são as chamadas lesões não traumáticas. Qualquer lesão medular pode afetar a capacidade motora e sensitiva, inclusive comprometendo o funcionamento de órgãos internos. Quando ocorre uma lesão medular, partes do corpo situadas abaixo do nível da lesão poderão ficar comprometidas. É importante ressaltar que a localização e a forma da lesão vai determinar a sua consequência.

Imagem do site: Blog do Humberto

As lesões medulares podem ser completas, quando não existe movimento voluntário ou sensibilidade abaixo do nível da lesão ou incompletas, quando ainda há algum movimento voluntário ou sensibilidade abaixo do nível da lesão, ou quando algum movimento ou sensibilidade vai retornando aos poucos. No geral não se pode fazer prognóstico algum da recuperação após o trauma medular e só o tempo pode definir com certeza o modo como a medula foi afetada.

A fase de choque medular diz respeito àquela fase imediatamente após a lesão, estendendo-se por semanas ou meses, na qual estão ausentes todos os reflexos abaixo do nível da lesão, e por vezes, até alguns imediatamente acima do nível da lesão devido ao edema provocado na região. O retorno dos reflexos abaixo do nível da lesão marcam o fim da fase de choque medular. Neste momento o médico poderá avaliar se a lesão apresenta-se com características de lesão completa ou incompleta.  Mesmo em caso de lesão incompleta, não se pode determinar se o paciente voltará a apresentar sensibilidade ou movimentos, e mesmo que estes retornem, não se pode dizer a princípio o quanto os mesmos serão funcionais.

A reabilitação de um lesado medular deverá ter início imediatamente, sendo que o paciente deverá ser orientado a trabalhar o que encontra-se preservado. Caso ocorra recuperação de alguma função, novas metas de tratamento deverão ser traçadas, de maneira que o paciente sinta-se sempre estimulado para prosseguir.

setembro 09, 2012

Lesão Medular

É muito importante para o Fisioterapeuta ter a localização exata da lesão medular para estabelecer o seu tratamento e o prognóstico.


Imagem do site www.fisioterapia.com